A obra expõe os contextos históricos em que a educação institucionalizada se desenvolveu na história da humanidade e, especificamente, na história do Brasil, concomitantemente, ilustra a evolução da qualidade do trabalho ao longo do desenvolvimento das formas de produção mercantil (a produção das empresas).
Interessante é a parte que contempla a história econômica do Brasil, contextualizando a irrelevância da educação nos diversos cenários históricos até o surgimento de uma Revolução Industrial brasileira, já numa era contemporânea.
Nota-se uma abordagem mais pragmática da questão “educação x trabalho” na atualidade, não adentrando nas questões discutidas pela área da pedagogia, com foco não só nos interesses do Estado e da sociedade (organizações e sociedade civil) mas também na expectativa e interesse dos próprios estudantes (na parte final do livro).
Esta obra traz, com certeza, uma contribuição valorosa para o entendimento de que a educação é essencial para o bem-estar social e a busca do pleno-emprego, sendo uma das efetivas políticas do Estado dos últimos governos brasileiros.
Sumário
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – Do conhecimento e sua transmissão 17
CAPÍTULO II – O trabalho na Revolução Industrial 31
CAPÍTULO III – A educação no capitalismo 37
CAPÍTULO IV – A história da economia do Brasil 47
CAPÍTULO V – A educação profissional no Brasil 57
CAPÍTULO VI – A mão de obra nacional e o xenofobismo 75
CAPÍTULO VII – Políticas públicas de educação profissional 85
CAPÍTULO VIII – O atual mercado de trabalho 101
CAPÍTULO IX – O cenário político do trabalho e da educação 107
CONCLUSÃO - 121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 125
A sociedade e a forma de viver das pessoas como conhecemos atualmente, é fruto, principalmente, das transformações decorrentes de um processo de criação e evolução dos sistemas de economia. As formas de propriedade e seu domínio determinavam a relação entre os membros da sociedade, condicionando a existência da sociedade à capacidade de produzir ou extrair bens “intramuros” e à capacidade de autodefesa. A sociedade pré-capitalista (nômade e feudal) e seu sistema produtivo, limitavam-se unicamente à sobrevivência, e as necessidades supridas por um processo de escambo, e a ideia de produção e comércio com vistas ao lucro não vigorava ante a produção artesanal e manufatureira baseada na capacidade e força humana e animal.
No caítulo 1, a abordagem a seguir visa demonstrar que o conhecimento é um patrimônio e o processo de transmissão de habilidades e conhecimento é um processo educativo que tem sido pensado de forma estratégica ao longo da história humana.
No Capítulo 2, o capitalismo, conforme descrito por Karl Marx, tem como princípio básico a geração de riqueza ou enriquecimento pela exploração de mão de obra pelo detentor do capital. Marx denominou de “mais-valia” o ganho que o capitalista conquista sobre o proletário.
O trabalho no capitalismo pode ser caracterizado pela entrega do esforço humano em troca de salário, onde o indivíduo não detém os meios de produção e sua subsistência depende de sua utilização pelo capitalista.
No capítulo 3, podemos constatar em Marx e Engels (2005, p. 35) que a educação era o instrumento vislumbrado (pelos neo-hegelianos) para a formatação da consciência, a educação com novas “ideias” seria o instrumento modelador do pensamento em face do “idealismo positivo” de Hegel, conforme breve síntese abaixo:
“Rebelemo-nos contra o domínio das ideias. Eduquemos a humanidade para substituir suas fantasias por pensamentos condizentes à essência do homem, diz alguém; para comportar-se criticamente diante delas, diz outro; para expulsá-las do cérebro, diz um terceiro – e a realidade existente desmoronará.”
No capítulo 4, o presente capítulo busca expor a história econômica do Brasil com base na obra de Werner Bauer sobre a economia brasileira The Brazilian Economy – Growth and Development de 1995, e complementarmente na obra João Manuel Cardoso de Mello, “O Capitalismo Tardio: Contribuição à Revisão Crítica da Formação e do Desenvolvimento da Economia Brasileira”, de 1998.
No capítulo 5, abordaremos a história da educação no Brasil sob o contexto da economia de forma objetiva e sucinta com base na pesquisa bibliográfica de vários autores de obras sobre o assunto, não pretendemos abordar as questões pedagógicas, filosóficas ou mesmo sociais da demanda da educação.
No capítulo 6, no século XVI, prevaleceu a imigração de portugueses e escravos para a Brasil colônia, mas a partir de 1850 (fim do tráfico de escravos) até o início do século XX, houve um forte incentivo de imigração, principalmente de europeus. Nesse período, estima-se que mais de quatro milhões de portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses chegaram ao Brasil para trabalhar na agricultura e na indústria, o que de certa forma contribuiu para o enriquecimento cultural ou técnico da mão de obra nacional.
No capítulo 7, a revolução industrial brasileira aconteceu com atraso de cerca de um século em relação à Europa, portanto, o processo de industrialização do Brasil que tomou forma a partir do governo de Getúlio Vargas, entre 1930 a 1945, teve já incorporado todo um know-how, um acúmulo de conhecimento que foi adquirido durante todo o processo histórico de implantação da industrialização já incorporado de tecnologias e procedimentos técnicos.
No capítulo 8, considerando-se a conjuntura dos primórdios do capitalismo ou da revolução industrial, período ao qual se funda a teoria de Karl Marx, a mão de obra para atender as necessidades industriais se resumia ao trabalho braçal, sendo irrelevante a qualidade técnica, daí podermos inferir a massa de pessoas desempregadas como um “exército” de mão de obra uniformemente desqualificada tecnicamente.
No capítulo 9, a ideologia capitalista prevaleceu no mundo atual de forma incontestável, incidindo apenas variações e desvios do modelo capitalista descrito por Marx e Engels para adequar-se ao regime político regional, como o já estabelecido capitalismo da social-democracia nórdica (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia) que fica no meio termo do capitalismo e do socialismo, unindo o que há de melhor das duas ideologias há mais de 80 anos, o “socialismo de mercado” implantado na China por Deng Xiaoping em meados dos anos 1980, mantendo-se o regime político comunista mas acolhendo o mercado capitalista para fluir sua produção e gerar divisas, e implantado mais recentemente em Cuba (reforçado com o fim dos embargos econômico e político por parte dos Estados Unidos a partir deste ano de 2015).
Sobre os autores
Viviane Nunes Tetzlaff é mestre em Sociologia Política pela Universidade de Vila
Velha. Graduada na referida instituição em Administração de empresas,
também possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FUCAPE Business School. Atualmente é professora do ensino profissionalizante.
Autores: Arthur Ki Beak Lee e Viviane Nunes Tetzlaff
Editora: Barra Livros
Tamanho: 15,5 x 23 cm - 130 páginas.
Edição: 1ª/ 2015
ISBN: 978-85-64530-29-4